Meu testemunho

Venho de uma família simples do Estado do Espírito Santo, num lugarejo chamado Anutiba. Meus pais casaram-se e vieram morar no Rio de Janeiro, daí então, deu-se o meu nascimento. Com o decorrer do tempo meu pai tornou-se um alcoólatra e em razão de tal; minha mãe pediu a separação. Desde então éramos somente minha mãe e eu.
Com a separação, minha mãe veio a passar necessidade; visto que meu pai sempre alegava que estava desempregado e não podia dar a pensão alimentícia. Ela teve que me levar à sua cidade natal para ser criado por meus avôs.
Quando eu estava com 8 anos minha mãe retornou comigo ao Rio de Janeiro; para viver em sua companhia, pois com o passar dos anos ela superou a crise financeira, agora ela não morava mais num quarto com fogão a querosene e nem dormia mais naquele sofá que ao anoitecer, abria, e se transformava numa cama, digo isto porque embora sendo criança, eu presenciei esta fase difícil na vida da minha mãe, que agora feliz com seu novo casamento; tudo mudou.
Com o passar do tempo meu padrasto começou a estabelecer uma autoridade rígida dentro de casa. Mediante a problemas cardíaco ele foi encostado pelo INSS e então passei a conviver com sua rigidez constantemente; hora após hora e dia após dia. Parecia que descontava em mim o fato dele estar com sua saúde debilitada.

Aos 11 anos percebí que o amor da minha mãe em relação a mim, tornou-se um amor sufocado e não opinava como antes, eu fui perdendo aos poucos a liberdade da adolescência, nunca soube o que era ter amor de pai, eu digo que literalmente nunca tive um afago de pai, era sempre criticado, era desprezado. Não quero nesta palavras; denegrir a figura do pai ou do padrastro, pois são de grande importância na educação do jovem, mas sim esclarecer que a ausência de amor dos tais, juntamente com os maus tratos deixa cicatrizes/sequelas que em nenhum tempo da vida desaparecerá.

O ESPIRITISMO

Quando eu estava com 14 anos, meu padrasto veio a falecer de parada cardíaca e com seu falecimento eu ganhei a liberdade . tal qual animal domesticado; que agora solto as ruas se torna presa fácil aos demais, assim me tornei. Minha mãe começou a preencher a solidão com o espiritismo, o qual era sempre convidada a participar, e consequentemente começou a me levar para participar das sessões que durava a noite toda e de assistente, logo passei a médium, fiz despachos (obrigações exigidas pelos orixás), sempre buscava uma forma de preencher o vazio que estava dentro de mim; e a angústia da infância não apagava. Havia sobre a regência da minha vida; espíritos, e cada um atuava nas suas respectivas áreas e ao chegar o momento de ingressar no Quartel, já era um espírita fanático e acendia velas todos os dias da semana.

Eu tinha um livro de trabalho de bruxarias, chamado: " o livro da capa preta de são Cipriano"; minha frequência a lugares como cachoeira, praia, mata, encruzilhada e cemitério eram de total devoção. Tinha em mente como executar vários trabalhos: De amarrar, desamarrar, abrir, trancar, prender e outras demais coisas de feitos maligno. Eu pertencia a um centro espírita e como membro do mesmo tinha compromissos a serem cumpridos; cada dia era uma agenda diferente da outra. Sexta feira era um dia carregado. Durante o dia consultas; e após 23hs todo trabalho feito no decorrer do dia, tinha que ser despachado no cemitério. Despachos grandes que durava toda a madrugada. Não se engane meu amigo, pois toda a liberdade que eu tinha era na verdade uma falsa aparência, um lado obscuro da vida que cruzou o meu caminho. Caminho este que me levou a conhecer um novo círculo de amizade.

AS DROGAS

Conheci primeiro os falsos amigos, depois o hábito de beber e fumar, conheci o fracasso nos estudos, não conhecia o que era orientação paternal e ou profissional; e ainda desprezei todas as oportunidade que surgiam, ´bons colégios, cursos e etc., era uma pessoa triste, sombria e tímida. Buscava no espiritismo resposta e não as conseguia encontrar. Quando estamos tomados de um grande vazio, a tendência é buscar algo que venha dar sentido e preencher nossa vida.

Eu aprendi na minha infância através de minha avó, que todos têm que seguir uma religião. Minha avó era católica, e frequentava diariamente a igreja; e eu a acompanhava, por isto que eu abracei o espiritismo. Conforme disse antes era um espírita fanático; mas este fanatismo foi sendo sucumbido, de acordo com que fui adotando outro estilo de vida. Conheci novos amigos, amigos que se drogavam e em resultado disto comecei a me drogar também.

Comecei cheirando benzina, um tipo de droga leve; conheci lsd, ecstasy e quase todo tipo de droga sintética. Este último, por ser fácil de achar e custar o preço de qualquer analgésico, eu consumia em grande quantidade; até mesmo antes do desjejum, o vício causou me grandes males. Fumava 3 cartelas de cigarros ao dia. Enfim.. Eu me tornara um jovem de reverente religioso, que era; a um jovem viciado e totalmente rebelde. Não dava ouvidos a ninguém.

Eu estava mergulhando no mundo das drogas, estava começando a usar maconha, cocaína e virando a noite em shows de rock; onde a droga em geral circulava livremente. Mas a bíblia diz em Salmos 42:7 que um abismo chama outro abismo. Só JESUS CRISTO tem poder para resgatar o homem do mais profundo abismo. ALELUIA! Eu estava com uma mão na frente e outra atrás; sem nenhum apoio financeiro da minha mãe, minha vida estava numa total miséria; e era uma época em que a oportunidade de emprego estava escassa, não tinha nem roupa para sair, nem dinheiro para sustentar meus vícios. E pensar que tive grandes oportunidades. Tentei arrumar emprego, biscate ou qualquer coisas, mas eu me esqueci que as drogas havia me tirado todo tempo oportuno que tive para me profissionalizar, e aí a chance de emprego se tornara mais difícil. Foi quando pensei em arrumar dinheiro a todo custo.

UM ABISMO CHAMA OUTRO ABISMO

Minha mente sofreu uma rude transformação e comecei a andar com pessoas de intenções maliciosas, comecei a roubar desde objetos de valor em minha casa; a pedestre que sempre passava com jóias, relógio, bolsa, carteira, bicicleta, arrombar carros e residências. tudo que pudesse reverter em dinheiro para sustento do meu vício. Hoje entendo porque um jovem viciado vive fora da sociedade, do ambiente familiar e a mercê da miséria.

Por motivo de associação ao tráfico; fui obrigado a fugir para itaboraí e lá comecei a envolver-me com outros tipos de viciados, aqueles que andam armados como se estivessem numa cidade de faroeste. Naquele tempo quem tinha uma pistola 765 era respeitado. E foi com este tipo de respeito vulgar que envolvi-me num assalto e fui preso em flagrante e recolhido ao cárcere. Lugar este que DEUS veio me pedir contas de tudo que cometi de errado.

PRESO E DOENTE

Quando completou 3 mêses que estava preso, eu contraí hanseníase, e foi aí que eu fiz uma introspectiva e percebi que ter o corpo todo podre com pedaços de pele soltando e sangue minando através das feridas espalhada por todo o corpo, inchaço, febre e dor, quase a morte, não se comparava com desprezo de padrasto, as drogas e demais contra tempo que tive na infância. Portanto meu amigo, você que está lendo este meu testemunho, eu te digo, _ Se você não tem JESUS no teu coração, apressa-te e preste contas da tua vida à DEUS; antes que ele venha a você pedir contas do teus feito aqui na terra.

Eu fui condenado a 5 anos e 7 mêses de reclusão por tráfico de drogas, porte de arma e assalto a mão armada junto ao presídio Água Santa no RJ. Eu olhei para o céu e entendi que DEUS existia, e que ele se importava comigo, e eu disse: _ DEUS se tu existes mesmo, e está me ouvindo, então me tira deste lugar que eu prometo ser um bom filho. E DEUS me ouviu, após 30 dias; através de um Habeas Corpus, eu fui posto em liberdade, pois estava muito doente e necessitava de cuidados em um hospital dermatológico.

ENCONTRO COM JESUS

Em 1985; passado 1 ano que eu estava em liberdade; no mês de dezembro, um dia após o natal; eu estava na boca de fumo; quando conheci um homem, de cor escura, fala suave e sem gírias. E começamos a desejar feliz natal um para o outro, e em meio aquelas gentilezas percebi que ele também era viciado e convidei-o para que juntos fôssemos fumar (maconha), e ele disse-me: _Vamos ao meu barraco que fica logo ali no beco. Nos Apresentamos e ele me disse o seu nome ao qual por razão óbvias não posso aqui mencionar.

Enquanto estávamos fumando aquele cigarro de maconha eu percebi que ele era muito educado; enquanto que eu só falava gírias, e eu perguntei-lhe: _Qual a sua religião? Ele me retrucou dizendo que aquele não era o momento para se falar de religião, pois estávamos fazendo algo errado; e eu insisti por mais duas vezes com ele, até que começou misteriosamente a dizer-me o seguinte: _Eu vou para o Pai, e quando estiver com o Pai; eu lhes enviarei o Espírito da verdade que o mundo não conhece. Eu lhe perguntei, quem é que iria para o pai? E quem era o pai? E que espírito da verdade é este que o mundo não conhece? Ele olhou para mim, e começou a chorar dizendo-me que eu estava complicando a vida dele, trazendo à sua memória o seu pecado; pois ele era desviado da igreja e que agora estava naquela situação de drogado. Eu insistia mais com ele, pois havia me despertado uma curiosidade tal qual nunca tive. Pois eu era espírita e conhecia muitos espíritos e estava curioso em relação a este "espírito da verdade" que o mundo não conhece. Mais uma vez ele me dirige a palavra chorando e todo quebrantado e me revela que... Quem iria para o pai era JESUS; e que o pai era DEUS e que o espírito a ser enviado para a terra era o ESPÍRITO SANTO. Aí quem começou a chorar fui eu, pois me lembrara que DEUS existia e ouviu minhas preces quando estava preso. Eu perguntei-lhe, onde encontraria DEUS. E ele me indagou dizendo: _Sabe aquela igreja evangélica que tem lá no alto do morro, que você passa em frente para vir aqui na boca comprar bagulho? Eu respondi que conhecia. Então ele me disse: _entra lá e aceita JESUS como teu único salvador. Eu segui a orientação do meu amigo e no outro dia procurei a igreja evangélica que ele me falou, e lá, eu entrei e aceitei JESUS como meu salvador; exatamente no dia 26/12/1985. A igreja evangélica Assembléia de Deus em Padre Miguel, ministério de Madureira, que fica na Rua Porto Brilhante nº 93 - Jd São Bento - Bangu - RJ. Congregação esta; que na época era dirigida pelo Pastor Alvino Ferreira (Pastor Alvino já dorme no Senhor), em 1986 passei pelo batismo nas águas, em 1987 me casei com a Miriam. E deste casamento; que já perduram 25 anos; o senhor DEUS nos abençoou com 2 filhos; Melquisedeque e Mesaque. Em 1988 fui separado para Diácono, em 1995 fui ordenado ao santo ministério como evangelista e em 1997 ao pastorado. Depois que aceitei JESUS; de quase pai de santo a bandido, acabei me tornando um pastor. Minha vida tomou o rumo certo. Voltei aos estudos terminando meu 2º grau, me formei em teologia e me especializei em algumas áreas para fins de enriquecimento do ministério que recebi do SENHOR JESUS. Tais como: Administração eclesiástica, psicologia pastoral, formação teológica para obreiros e a constante pregação do evangelho a fim de alcançar os que ainda se encontram cativos nas garras de satanás.

Hoje eu dedico a minha vida ao ensino e a pregação do evangelho, tanto na igreja que pertenço; como em outras igrejas, lugares e cidades que DEUS tem me levado. Minha esposa trabalha na prefeitura do Rio de Janeiro e em nossa igreja é diaconisa e dirigente do círculo de oração. Meus filhos são músicos e compromissados com o louvor e também com a pregação do evangelho. De pobre e miserável pecador, Deus na sua infinita misericórdia teve compaixão de mim e me livrou do laço da morte e fez de mim um PAI DE FAMÍLIA, da mesma forma ele quer fazer na vida de todos.

Amigo leitor, com a preocupação de não enfadar tua leiturar que revelei neste blog apenas parte do meu testemunho, pois se você ainda não aceitou a JESUS como seu salvador, então não deixe para amanhã e sim procure quanto antes possível uma igreja evangelica e aceite este DEUS maravilhoso e você verá que assim como ele deu sentido a minha vida; dará sentido também a tua vida.

Pr. Júlio César